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Pro Mujer

Financiamento com foco em gênero

Pro Mujer

Financiamento com foco em gênero

Regional / Fundação

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A Pro Mujer é uma empresa social que há mais de 32 anos trabalha para promover a igualdade de gênero na América Latina. Seu objetivo é que as mulheres atinjam seu pleno potencial, melhorem suas condições de vida e se tornem agentes de mudança nas suas comunidades. A Pro Mujer atua por meio de um modelo holístico e integral, visando viabilizar a inclusão financeira das mulheres na América Latina, ampliar seu acesso aos serviços de saúde e proporcionar oportunidades de capacitação e empreendedorismo. A Pro Mujer se destaca no âmbito regional por combinar diferentes fontes de financiamento e desempenhar um papel ativo como investidor com foco em gênero.

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Descrição Geral

Descrição Geral

A inclusão financeira com foco em gênero é um dos principais desafios em todo o mundo, uma vez que os serviços financeiros não são acessíveis ou projetados para atender às necessidades de pessoas de baixa renda. Segundo o Banco Mundial, 2 bilhões de adultos em todo o mundo não têm uma conta bancária básica, principalmente devido à falta de recursos financeiros disponíveis1. Isso é especialmente preocupante nos países em desenvolvimento, onde grande parte da população é de baixa renda e onde as mulheres, principalmente, são excluídas do sistema financeiro formal.

Em 2018, na América Latina e no Caribe, “apenas 49% das mulheres tinham conta bancária, 11% poupavam e 10% dispunham de crédito”. Isso reflete o desafio que a inclusão financeira enfrenta em termos dos conhecimentos e capacidades que as mulheres possuem para potencializar seu desenvolvimento produtivo, pessoal e familiar.2

Quando se fala em inclusão financeira, é importante considerar que a lacuna de gênero desempenha um papel fundamental no empoderamento e autonomia econômica das mulheres. Uma das organizações pioneiras na promoção da inclusão financeira focada em gênero, na América Latina,  é a Pro Mujer, cuja missão é “empoderar as mulheres de baixa renda para que possam atingir seu potencial máximo” por meio de uma abordagem holística, incluindo o acesso a serviços financeiros, de saúde e de capacitação. A Pro Mujer foi fundada em 1990 na Bolívia e, atualmente, também tem presença na Argentina, Guatemala, México, Nicarágua e Peru. Para a consolidação regional da organização, diferentes entidades foram criadas em cada país, garantindo a oferta de produtos financeiros tradicionais e digitais, bem como os serviços de saúde e bem-estar, educação e empreendedorismo que diferenciam e caracterizam a Pro Mujer3.

A organização parte da seguinte premissa, a qual é a base de sua missão, portfólio e impacto esperado:

"A inclusão financeira com foco em gênero não apenas tem um impacto significativo na situação econômica das mulheres, permitindo que ampliem e diversifiquem sua produção, com melhoria da qualidade e aumento da produtividade, mas também exerce um efeito direto no bem-estar de suas famílias em termos de redução da pobreza e de um futuro melhor para as crianças, gerando renda utilizada no acesso a serviços básicos, como saúde, educação, água potável e saneamento, entre outros"4.

 

Dessa forma, as mulheres são vistas como agentes de mudança para combater a pobreza e promover o 

desenvolvimento.

"Embora seja possível gerar um resultado positivo com os serviços financeiros que prestamos, o maior impacto da Pro Mujer ocorre através do modelo holístico que nos caracteriza, baseado na oferta de microcréditos, oportunidades de capacitação e serviços de saúde. Acreditamos firmemente que se as mulheres recebessem crédito sem educação financeira básica, sem o fortalecimento de suas habilidades para gerir seus negócios e sem a devida atenção à sua saúde física e mental, não estaríamos gerando mudanças sólidas e sustentáveis a longo prazo."

Rolando Schmidt 

CFO da Pro Mujer.

 

O impacto da Pro Mujer foca em três pilares: inclusão financeira, serviços de saúde e bem-estar, e oportunidades de capacitação e empreendedorismo. O primeiro pilar é um aspecto fundamental, pois considera que o acesso ao capital e crédito é o mecanismo que possibilita às mulheres desempenhar um papel de maior liderança dentro da família e de suas comunidades ao se tornarem provedoras diretas de renda. Isso está em consonância com as evidências concretas dos últimos anos, indicando que, em um país como a Bolívia, a demanda por crédito é constituída majoritariamente por microcrédito, representando “a maior participação (aproximadamente 30%) no montante total da carteira do sistema financeiro”5.

Portanto, a Pro Mujer possui um portfólio que inclui créditos concedidos por meio de bancos comunitários, créditos individuais e serviços de saúde e educação. Os créditos são concedidos por instituições microfinanceiras nos respectivos países. A metodologia dos bancos comunitários é um dos serviços financeiros prestados às associações de grupos de mulheres que solicitam crédito para seus pequenos empreendimentos.6 Nesses créditos, que são de aproximadamente US$ 1.000 em média, o grupo de pessoas assume a garantia solidária, conjunta e indivisível de todos os associados. Além disso, a Pro Mujer oferece empréstimos individuais, representando 25% da carteira total. Nos últimos anos, a Pro Mujer desenvolveu produtos financeiros digitais para se adaptar ao contexto e às necessidades das mulheres.

"A Pro Mujer oferece uma proposta de valor holística. Ela não apenas concede créditos, mas também fornece, às mulheres na América Latina, capacitação em gestão financeira, reservas, tomada de decisões em seus negócios e família. Além disso, dá a elas a oportunidade de obter serviços de saúde de qualidade a um custo acessível para elas."

María Liliana Mor

Diretora de Alianças Estratégicas e Desenvolvimiento da Pro Mujer.

 

Tão relevantes quanto os serviços financeiros são os serviços de educação e saúde. Eles precisam de capital filantrópico para manter os programas em funcionamento ao longo do tempo e são fornecidos, em muitos casos, através de entidades sem fins lucrativos que fazem parte da Pro Mujer.

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Serviços de saúde: oferecidos para prestar atendimento médico preventivo às beneficiárias e suas famílias.

 

Oportunidades de educação: a Pro Mujer oferece capacitação e apoio personalizado em áreas como educação financeira, fortalecimento do empreendedorismo, prevenção da violência de gênero e masculinidades, entre outros temas.

1 Azar, Karina; Lara, Edgar; y Mejía, Diana (2018). Inclusión financiera de las mujeres en América Latina. Corporación Andina de Fomento (CAF) (p.7). Consultado aqui.

2 Azar, et. al, (2018). Inclusión financiera de las mujeres (p. 7).

3 Pro Mujer (2020). Relatório Anual 2019. Consultado aqui. 

4 Ibid.

5 Pró Mujer (2020) Relatório Anual 2019. Consultado aqui. 

6 Criados em 1998, os bancos comunitários representam 75 % da carteira de toda a organização.

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Aspectos Inovadores

Aspectos Inovadores

A Pro Mujer conseguiu se adaptar, inovar e se manter relevante ao longo de seus 32 anos de existência, sempre focada em gerar impacto social e manter a sustentabilidade financeira de longo prazo. Atualmente, a organização se destaca particularmente por sua estrutura organizacional7 regional – mediante a qual se consolidou como grupo –, pelas diferentes fontes de financiamento com as quais conta e pela transformação digital que promoveu de forma transversal.

A Pro Mujer começou a sua trajetória na Bolívia em 1990. Paralelamente, a organização começou a atuar em outros países, e mais tarde a sede foi transferida para Nova York. Essa decisão, ligada ao fato de que uma das fundadoras é americana, possibilitou que se conectasse com o ecossistema internacional de filantropia e investimento de impacto.

No entanto, a presença transnacional da Pro Mujer apresentou desafios em termos estratégicos e operacionais, já que não havia diretrizes gerais definidas para todas as entidades que faziam parte da organização. Por isso, em 2019, foi feito um ajuste estratégico na sede principal nos Estados Unidos que permitiu uma maior centralização da organização, conseguindo, assim, homologar diretrizes regionais nas diferentes áreas e um foco mais robusto na sustentabilidade.

Outro aspecto facilitado pela centralização estratégica da Pro Mujer foi a transformação digital iniciada em 2017. Diante das mudanças globais e no setor, foi identificada a necessidade de se adaptar a essas mudanças por meio de ferramentas digitais e tecnológicas que facilitassem, automatizassem e aprimorassem processos em toda a organização. Internamente, foram introduzidos softwares e plataformas digitais para reduzir os custos operacionais e aumentar a eficiência das equipes. Também foram realizados investimentos para o fortalecimento da equipe de inovação e tecnologia e de análise de dados.

Além da otimização e digitalização dos processos, identificou-se a oportunidade de desenvolver serviços digitais voltados para as mulheres. Assim, a Pro Mujer fez parceria com a CAF e a Accenture, que prestaram assistência técnica para iniciar a transição para serviços e plataformas digitais. O portfólio da Pro Mujer inclui os seguintes produtos e serviços digitais:

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Mulheres Online: o objetivo é ampliar o acesso das mulheres a cursos que fortaleçam suas habilidades digitais. O projeto foi desenvolvido entre 2019 e 2021 na Bolívia, em parceria com a CISCO Networking Academy. Mais de 1.000 bolsas de estudos foram concedidas a mulheres e meninas para o curso de habilidades digitais.

 

Chatbot de educação financeira: foi lançado na Nicarágua para fornecer acesso simplificado a informações básicas sobre educação financeira.

 

Carteira móvel: foi criado um aplicativo para celular que permite às mulheres solicitar créditos coletivos e individuais. É um processo que leva entre 10 e 15 minutos, sem a necessidade de fazer qualquer gestão presencial.

 

Plataforma de crowdfunding para empreendedoras: em parceria com a MICROWD, o apoio às mulheres empreendedoras no Peru foi ampliado por meio de uma plataforma virtual, simples e intuitiva.

 

Foi lançada a plataforma digital Emprende Pro Mujer, que oferece capacitação e consultoria personalizada para empreendedoras que buscam autonomia econômica em toda a região.

 

A Pro Mujer Digital foi lançada no México: uma plataforma multicanal de serviços financeiros voltada para mulheres, visando fornecer acesso ao crédito sem restrições e atingir até mesmo áreas remotas ou rurais.

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Apesar da unificação estratégica realizada na Pro Mujer, continuam existindo certas diferenças quanto à forma como as diversas entidades são constituídas, por terem que estar em conformidade com os marcos legais de cada país. Em geral, para a concessão de crédito, é criada uma figura com fins lucrativos capaz de operar dentro da regulamentação nacional e, paralelamente, outra entidade sem fins lucrativos, capaz de prestar os serviços não financeiros da Pro Mujer. Dessa forma, as ONGs criadas são braços estendidos da estrutura organizacional. Em outras palavras, essas entidades atuam como organizações com propósito social (OPS) que prestam serviços não financeiros diretamente às beneficiárias diretas.

Além de possibilitar o funcionamento das entidades da Pro Mujer, essas figuras legais também geram uma flexibilidade que permite mobilizar diferentes mecanismos de financiamento. Por um lado, os lucros dos créditos são geridos de forma transparente e reinvestidos no negócio; e, por outro, se abre a possibilidade de receber capital filantrópico para ajudar a subsidiar parte dos serviços não financeiros e desenvolver diferentes iniciativas para potencializar o impacto nas beneficiárias. Nos Estados Unidos, é destacada a utilidade de contar com uma entidade sem fins lucrativos através da qual são recebidas mais de 70% das doações para a Pro Mujer, oriundas principalmente de entidades corporativas e fundações privadas.

A Pro Mujer recebe capital filantrópico em sua sede, que é investido no desenvolvimento e crescimento geral da organização e para seus programas de empreendedorismo, capacitação e saúde preventiva. Parte desses fundos filantrópicos são canalizados a entidades que precisam de apoio para continuar desenvolvendo programas em diferentes países. Além disso, porém, entidades de âmbito local também mobilizam capital filantrópico para alavancar a sustentabilidade de seus programas de propósito social. A Pro Mujer também faz uso de instrumentos de investimento de impacto. Dessa forma, por exemplo, realiza importantes coinvestimentos com a Deetken Impact e, através do ILU Women’s Empowerment Fund, financia mais de vinte empreendimentos com foco em gênero na América Latina. Além disso, recebe empréstimos de bancos e fundos.

No contexto dos serviços financeiros, a Pro Mujer Bolívia se destaca por representar cerca de 70% da carteira de toda a organização. Além disso, difere da estratégia de financiamento aplicada em outros países, visto que 90 %8 de seu financiamento é proveniente de bancos e fundos locais9. A Pro Mujer Bolívia também é financiada por meio da securitização10 e com entidades do exterior. Esse caso específico mostra por que cada entidade da organização, de acordo com o contexto nacional em que está localizada, tem a capacidade de se adaptar ao ecossistema de investimentos tanto para conseguir financiamento quanto para concedê-lo.

7 Para conhecer de forma mais detalhada a estruturação da Pro Mujer, as demonstrações financeiras auditadas da organização para 2021 pode sem consultadas: https://promujer.org.bo/assets/material-extra/bo/ASFI/INFORMES/Estados_financieros/ EEFF-al-31-de-Diciembre-del-2021.pdf

8 Números de 2019.

9 Isso se deve principalmente ao fato de que a classificação de risco da Pro Mujer melhorou nos últimos anos e porque a taxa efetiva das moedas em que recebe financiamento internacional é muito cara.

10 Processo realizado pela primeira vez na Bolsa Boliviana de Valores em 2018, em que foram arrecadados US$ 17,5 M.

Aprendizados
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Aprendizados

A Pro Mujer identifica o desafio de realizar uma medição de impacto mais aprofundada, que reflita todos os resultados gerados para as beneficiárias e suas comunidades, além dos indicadores puramente econômicos. Para enfrentar esse desafio, a organização criou um data warehouse e investiu na contratação  de especialistas em dados e na medição do impacto social. Com isso, continua apostando na inovação e transformação digital como canal efetivo de inclusão social com uma perspectiva de gênero.

 

Além disso, atualmente busca gerar mais oportunidades, através da geração de diversos instrumentos financeiros desenvolvidos com foco em gênero, para o segmento do missing middle - pequenas empresas que têm necessidades de capital demasiado elevadas para serem atendidas por microfinanciamentos, mas, ao mesmo tempo, demasiado pequenas ou percebidas como arriscadas para outros tipos de financiamento, como os concedidos pelo sistema bancário tradicional.

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